“O que vai ser de mim agora?”. As palavras são do operador de máquinas Itamar Anacleto de Moraes. Com lágrimas nos olhos e cabeça baixa, ele custava a acreditar no que estava vendo bem a sua frente. A fábrica de móveis ao qual estava empregado há apenas 30 dias foi tomada pelo fogo em poucos minutos em Birigui na manhã de terça-feira (02). Junto à destruição causada pelo incêndio, a dor de ver um trabalho de 23 anos de existência terminar de forma abrupta.
Itamar trabalhava no momento que o fogo começou na indústria. O relógio marcava quase 8h30. “Não deu tempo para ver nada. Só ouvi as pessoas gritando que estava pegando fogo e aí todos saíram correndo”, disse à reportagem do jornal O LIBERAL REGIONAL.
O funcionário está preocupado com o futuro, já que trabalhava há apenas 30 dias no local. “Um país onde o desemprego só cresce, o que vai ser de mim a partir de agora? É triste, muito triste”, concluiu com a voz embargada e os olhos cheios de lágrimas.
Emoção também que envolveu os proprietários da fábrica. Apesar de ter seguro, o choro era inevitável, afinal a empresa funcionava há 23 anos e empregava 20 pessoas. Um momento difícil como esse nunca havia sido presenciado pelos empresários. Nenhum dos sócios quis dar entrevista, mas eles lamentaram o ocorrido.
As causas do fogo ter começado ainda são desconhecidas, mas existe a suspeita, segundo testemunhas, de que as faíscas de uma solda atingiram algumas espumas. Rapidamente, as chamas se alastraram e havia o grande medo do incêndio se alastrar por outros imóveis, já que o prédio fica localizado em um quarteirão rodeado por outras fábricas, restaurantes e residências.
A situação atraiu grande quantidade de curiosos. Com a chegada das equipes do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar, a área em todo o entorno foi interditada e o trânsito ficou lento. Por sorte, ninguém ficou ferido.
Com o avançar das chamas, pouca coisa pôde ser salva. Os funcionários fizeram uma verdadeira força-tarefa e conseguiram salvar algumas cadeiras, documentos e computadores.
DIFICULDADES
A fumaça preta podia ser enxergada a cerca de dez quilômetros de distância. A grande dificuldade encontrada pelos homens dos Bombeiros foi lidar com o tipo de material, aço e madeira, além da força do vento, o que dificultou o controle das chamas.
Além disso, havia o risco de explosão, já que existia um botijão de gás na parte externa da fábrica. “A nossa equipe, ao identificar a presença do botijão, se atentou em resfriá-lo para que não houvesse o perigo de explosão”, disse em entrevista coletiva o capitão do Corpo de Bombeiros Wagner Francisco Peron.
COMBATE
Após uma hora e meia de combate, as equipes conseguiram controlar o incêndio. Uma densa fumaça branca podia ser vista saindo do prédio. Nesse momento, foi possível ter uma dimensão da destruição. Pouca coisa sobrou e segundo os Bombeiros, a estrutura do prédio foi danificada. O trabalho de rescaldo no local durou toda a tarde de ontem.
Equipes da Perícia Técnica, da Polícia Civil, também estiveram presentes e um laudo deverá ser emitido em até 30 dias para auxiliar na apuração do que de fato aconteceu. A Polícia Civil de Birigui vai abrir um inquérito para dar prosseguimento às investigações.